sábado, 28 de setembro de 2013

O pau que dá em Chico, por Ivam Galvão

O povo brasileiro é um povo bastante criativo.Vive driblando as dificuldades impostas apelos poderosos e rindo das adversidades que a vida o presenteia.

Quem costuma andar pelas ruas prestando atenção como esse povo vive consegue aprender coisas maravilhosas, principalmente as metáforas que ele inventa para dar definição as coisas.

Entre as metáforas populares que mais gosto e mais ouça está:  "o mesmo pau que da em Chico dá em Francisco", que dizer mais ou menos, que o que vale para um vale para outro.Simples e inteligente!

Porém, esta metáfora deixa de ser verdadeira, quando se trata em fazer justiça em favor dos povo pobre.

Vejamos. No centro de Poá o rio ou córrego Tucunduva, aqui a nomenclatura pouco importa, atravessa a principal avenida de Poá, a 9 de Julho, teve seu curso desviado e foi canalizado, sendo construído a menos de quinze metros de sua margem prédios comerciais, inclusive um desses prédios abriga uma franquia famosa. Alguns prédios foram construídos sobre o próprio rio, o que é gritantemente ilegal.

Um cidadão poaense, procurou o ministério publico, gritou, se bateu como um peixe fisgado no anzol e nada aconteceu. A coisa caiu no esquecimento e os prédios estão lá, lindos, leves e soltos. Segundo os comentários nada pode ser feito para impedir a construção do prédio porque ele foi feito anteriormente a data da aprovação do código ambiental.

Lá no alto do espigão à direita de quem vai para Ferraz, existe o bairro do Perracine, que é um dos bairros mais antigos de Poá. Conheço pessoas que nasceram naquele bairro que já estão beirando os oitenta anos.
Lá, que é um bairro de gente pobre e trabalhadora, gente que luta com dificuldades para viver com dignidade, lugar onde falta creche, área de lazer, escolas, segurança e outras coisas que reforçam o descaso do poder publico. Lá a mesma justiça que não pode agir sobre as ilegalidades do centro, lá não, la a justiça foi implacável, deu cento e vinte dias para que as famílias de trabalhadores saíssem de seus imóveis, alegando estarem numa área de risco.

E em outros casos a justiça alega que não é permitido construir nada à menos de quinze metros do rio, la no caso o córrego Tanquinho. Oras algumas famílias moram no local há mais de trinta anos, pagando os impostos cobrados pela prefeitura inclusive, claro que bem antes da aprovação do código ambiental entrar em vigor, mas parece que se tratando dos pobres realmente a justiça ironicamente enxerga diferente.

Para os trabalhadores, viúvas, velhos e crianças que terão de deixar suas casa, "o mesmo pau que dá em Chico não dá em Francisco" á assim meus amigos, neste país a justiça tarda mas, não chega!

Ivam Galvão

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